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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Reflexões e Saberes Para a Prática


FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS (EAD)
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS











FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXÕES E SABERES PARA A PRÁTICA












   SALVADOR
  2011








CLÁUDIO SANTOS DE JESUS


   






FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXÕES E SABERES PARA A PRÁTICA







Trabalho de conclusão de do Curso de da Faculdade de Tecnologia e Ciências com requisitos para obtenção de grau licenciado.

Orientado pelo professor Heber Torres e co-orientado pela tutora Tatiana Motta.










SALVADOR
2011


                                        







AGRADECIMENTOS



Agradeço a Deus por me dar forças.

A Maria de Lourdes, minha querida mãe, com carinho e amor, por toda sua luta para que eu chegasse até aqui, na Academia de Letras.

Aos meus filhos, Jonathan, Érica e Cláudio jr., que sempre me inspiraram para continuar estudando

A todos os amigos e familiares que torceram pelo meu sucesso.

Aos gestores, professores, funcionários e alunos do Colégio Estadual Ministro Aliomar Baleeiro, por me receberem com atenção durante todo meu período de estágio.

Ao Professor Dr. Reginaldo Souza Santos, Conceição Silva, Lucas, Carmen Ravazzano e todos os amigos e funcionários da Escola de Administração da UFBA, que me deram oportunidade e força para eu terminar o curso de Letras.

A Ana Paula Cruz, pedagoga, por sua dedicação e orientações que me levaram ao desenvolvimento da aprendizagem.

Aos colegas de turma e funcionários da FTC, UP de Brotas, Salvador – Bahia, por me suportarem todo o tempo.

A Tatiana Motta, minha professora e tutora, por sua enorme dedicação, atenção e carinho na construção de nosso saber, com agradecimentos por sua excelente prática docente.

Aos que acreditam num futuro ensino de qualidade em nosso país.

À memória dos que partiram e deixaram saudades.         


































O grande inconveniente da vida real e o que a torna insuportável ao homem superior é que, se se transporta para vida real os princípios do ideal, as qualidades tornam-se defeitos, se bem que frequetemente o homem com todas suas potencialidades desenvolvidas tem menos êxito na vida do que aquele que tem por móveis o egoísmo e a rotina vulgar.(RENAM, MARC- AURÉLE).








FORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES E SABERES A PRÁTICA

Cláudio Santos de Jesus[*]

RESUMO

Este estudo corresponde a uma pesquisa bibliográfica que tem por finalidade apresentar a influência das reflexões e saberes no processo da prática docente. Aponta que as novas estruturas do ensino brasileiro exigem que as disciplinas possibilitem o desenvolvimento mais crítico do educando. Neste sentido, a escola requer um profissional que esteja em amplo acompanhamento das mudanças, pois os saberes do educador são essenciais para uma pedagogia que dar certo. Apresenta o planejamento como processo essencial para a prática pedagógica, sendo que o mesmo estabelece fins e meios que apontam para superação de modo a atingir objetivos previstos, considerando as condições do presente, as experiências do passado, aspectos culturais, econômicos e políticos de quem se planeja e para quem se planeja, assim como no planejamento a escolha adequada dos métodos e técnicas didática é uma etapa muito importante para criar situações e abordar conteúdos que permitem ao aluno viver as experiências para se alcançar as mudanças cognitivas, objetivas e motoras. Dessa forma, defende-se que as reflexões e os saberes do educador, bem como o planejamento são de grande importância no desenvolvimento crítico e reflexivo do educando.


Palavras- chave: Prática pedagógica. Pedagogia. Saberes. Educador. Educando.


ABSTRACT

 
This study is a literature review that aims to show the influence of ideas and knowledge in the process of teaching. Indicates that the new structures of education in Brazil require the disciplines to enable a critical the development of the student. In this sense, the school requires a professional who is in broad monitoring of these changes, as the educator's knowledge are essential for a pedagogy that work. Presents the planning process as essential to teaching practice, and it sets goals and means to overcome that points to achieve planned objectives, considering the conditions of the present, past experiences, cultural, economic and political interests of those who plans and for those plans, as well as in planning the appropriate choice of methods and techniques for teaching is a very important step to create content and address situations that allow students to live experiences to achieve the cognitive changes, objective and motive. Thus, it is argued that the ideas and knowledge of educators and planning are important in developing critical and reflective learner.
Keywords: Pedagogical practice. Pedagogy. Knowledge. Educator. Educating.



1. INTRODUÇÃO


A educação vem sofrendo mudanças nos diversos aspectos que envolvem os princípios de desenvolvimento do sistema educacional. Atualmente os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem uma nova estrutura para a educação no Brasil. O professor como agente principal de ligação entre as novas perspectivas de ensino e o educando, consequentemente, deverá estar adotando no seu currículo, pontos reflexivos para alcançar excelência em sua prática pedagógica, contudo, respeitando a identidade cultural do aluno.
            O novo modelo educacional exige novos projetos e estruturas na organização das disciplinas possibilitando o desenvolvimento mais crítico do aluno. Assim, seus planejamentos, métodos, técnicas, seu modo de pensar e agir diante dos problemas que surgem repentinamente é determinante para um resultado positivo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõe que cada escola desenvolva seu projeto pedagógico respeitando a particularidade de seus educandos, peculiaridades da localidade na qual se insere, dentre outros aspectos: mobilizar o conhecimento do aluno para enfrentamento da vida social, “pois a finalidade da disciplina é desenvolver o educando, assegurar-lhe formação indispensável para o exercício da cidadania, devendo ser a primeira decisão a ser tomada em uma inclusão curricular” (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 22 da LDB).
O objetivo do presente artigo é apresentar uma análise sobre os saberes, reflexões e o trabalho do professor em relação às novas perspectivas do ensino no Brasil. Bem como, abordar os planejamentos, métodos e técnicas pedagógicas através de referencial teórico fundamentado por especialistas educacionais.







2. O PROFESSOR, AS NOVAS REFLEXÕES E ESTRUTURAS DE ENSINO NO BRASIL


As mudanças sofridas pela educação no Brasil, nos diversos aspectos, trazem uma nova estrutura de ensino. Neste sentido a escola requer um profissional qualificado e atualizado. Na maioria das vezes, o professor se encontra desatualizado perdendo espaço no mercado. As mudanças exigem que ele esteja em amplo acompanhamento das mudanças, quanto ao próprio estatuto de ensino.
Perrenoud (1999) destaca em seu artigo a despeito das novas tecnologias, da modernização dos currículos, das renovações das ideias pedagógicas, o trabalho do professores evolui lentamente porque depende pouco do progresso técnico, porque a relação educativa obedece a uma trama bastante estável e porque suas condições de trabalho e sua cultura profissional instalam os professores em rotinas. “É por isso que a evolução dos problemas e dos contextos sociais não se traduz ipso facto por uma evolução das práticas pedagógicas”.
Muitos se queixam por falta de oportunidade de se especializarem, falta de segurança, condições de transporte ruim e salas superlotadas. Contudo, não são estes só os problemas; outros educadores têm que ensinar em vários turnos e escolas para ganharem um salário digno. Assim, as condições para que se apliquem esse modelo educacional fica muito difícil, principalmente nas escolas públicas. Outra grande dúvida para os futuros professores é como lidar com essa situação, como será sua eficiência em relação aos ciclos de ensino, tendo em vista que são preparados por alguns professores que enfrentam a situação de não saber como trabalhar com as novas mudanças.
Segundo Perrenou (2004) sobre a eficiência do sistema de ciclos no combate ao fracasso escolar no Brasil, ele diz:

 Os ciclos não resolvem o problema da escolarização para todos nem a qualificação dos professores ou ainda os das infraestruturas. Todavia, nas regiões em que os alunos são escolarizados em condições, os ciclos oferecem uma organização de trabalho propícia a uma pedagogia diferenciada e, portanto, à luta contra o fracasso escolar. (Perrenoud, 2004).

    
Baseando-se nesta interpretação nota-se que o trabalho e os saberes do professor são essenciais para uma pedagogia que dará certo. Não basta, submeter as escolas a programarem resoluções de problemas sem antes indagar os professores a participarem dessas discussões.
     Silva (1997) identifica em sua pesquisa, que os estudos educacionais trouxeram, a partir do final dos anos 1980, novos conceitos para compreensão do trabalho docente. Destaca que as novas abordagens de pesquisa passaram a reconhecer o professor como sujeito de um saber e de um fazer, fazendo surgir a necessidade de se investigarem os saberes de referência dos professores sobre suas próprias ações e pensamentos, já que:

a análise dos valores princípios de ação que norteiam o trabalho dos professores pode fazer trazer novas luzes sobre nossa compreensão acerca dos fundamentos do trabalho docente, seja no sentido de desvendar atitudes e práticas presentes no dia-a-dia das escolas que historicamente foram ignoradas pela literatura educacional ( e talvez possam trazer contribuições para o trabalho e a formação de professores). (p. 3).
    
Compreende-se que o indivíduo participante do processo educacional, já traz interesses pela docência, desde os primeiros contatos com a escola. Gestos, atitudes, práticas, toda referência, objetivos e habilidades são desenvolvidos durante toda sua vida estudantil. Nota-se que muitos educadores são autodidatas, desenvolvem habilidades em determinados campos sem ter tomado nenhum ensino científico, depois entram na faculdade para concluírem seu curso superior.
Um fator bastante favorável para o crescimento e amadurecimento docente é o contato com os movimentos sociais na comunidade, vivenciando os mesmos problemas que os educandos enfrentam, fazem-se um meio de chegar a um real entendimento de como trabalhar com as dificuldades em sala de aula. Os que vivenciam esses momentos sociais desde o início de sua vida estudantil até a carreira acadêmica, compreenderão que as novas estruturas de ensino são nada mais que, adaptar os conhecimentos adquiridos em teorias nas salas de aulas das faculdades, aos vividos pessoalmente na sociedade em que vivem.
Vivenciando dificuldades existentes, aflora-se o trabalho do professor, que fortalece e aprimora seus saberes. Não aqueles acumulativos de disciplina em disciplina, e sim, os qualitativos conduzidos em sua trajetória educacional.
Segundo Freire (1996), por menores assim da cotidianidade do professor, portanto igualmente do aluno, a que quase sempre pouco ou nenhuma atenção se dá, têm na verdade em peso significativo na avaliação da experiência docente. Ele afirma:

O que importa na formação docente, não é repetição mecânica dos gestos, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada pela segurança, do medo que, ao ser “educado”, vai gerando a coragem. (p. 45).





         Arrazoando[2], acredita-se que todos têm um senso crítico, porém, possa ser que não seja reflexivo o suficiente para garantir ao cidadão certo entendimento do mundo em sua volta. Contudo, o professor como grande e indispensável agente do saber, deve estar com ele apurado.
Muitas vezes, ficam as dúvidas: será que dará certo? Se eu não conseguir? Como será meu futuro perante os colegas? São alguns casos que ocorrem frequentemente com inúmeros educadores. O professor que “sente” sua turma na sala de aula, insere confiança em si próprio, tem a capacidade de distinguir algo que possa atrapalhar seu trabalho e, mesmo assim, não desiste, apenas muda a teoria cumprindo sua meta.
Outras vezes, os sentimentos levam o professor a não saber se age com a razão ou com a emoção, começa a incerteza por algo que ainda nem tentou fazer, por medo de dar errado. Sabe-se também que alguns maus pressentimentos, com o decorrer do tempo são superados mais facilmente, quando se alcança uma plenitude, uma maturidade na área educacional.
Para se alcançar a tal maturidade, o professor tem que continuar desvendando os mistérios do saber, vencendo o medo, não esperando que as coisas aconteçam por acaso, afinal, o professor tem que fazer a diferença em sala de aula, ou qualquer lugar que esteja levando o conhecimento a todos.
 Perrenoud (1999) destaca em seu artigo o conceito da prática reflexiva com o domínio da complexidade. O conceito conhecido desde as obras de Schon (1983, 1987, 1991), entretanto, apesar dos trabalhos centrados na formação de professores, persiste uma confusão entre:

  • um lado, a prática reflexiva espontânea de todo ser humano que enfrenta um obstáculo, um problema, uma decisão a tomar, um fracasso ou qualquer resistência do real ao seu pensamento ou sua atuação;
  • por outro lado, a prática reflexiva metódica e coletiva que os profissionais usam durante o tempo em que os objetivos postos não são atingidos.

Para o autor, um sentimento de fracasso, de impotência, de desconforto, de sofrimento desencadeia uma reflexão espontânea para todo ser humano e também para o profissional! Mas esse último reflete também quando está bem, uma vez que haver-se com situações desconfortáveis não é seu único motor; sua reflexão é alimentada também pela vontade de fazer seu trabalho de modo mais eficaz e ao mesmo tempo o mais próximo possível de sua ética.
Essa insegurança pode ser um fator a favor do educador, ou melhor, uma válvula de escape, indicando que ele não está totalmente preparado, desta forma, estimula o professor a encontrar dentro de seus propósitos a segurança necessária, diminuindo seus obstáculos. Os que podem ser pequenos, porém deprimentes. A sensação de incerteza soa como algo que precisa e deve ser arrumado em toda prática.
Por exemplo: na apresentação de um trabalho de texto, momento antes se percebe que ele encontra-se sem coerência, qual seria a atitude? Claro, se opta por revê-lo procurando encontrar a coerência e, com mais um pouco de empenho encontraria a coesão, as quais juntas dariam harmonia a seu texto e sua apresentação. Assim como os saberes do professor devem ser reparados, readaptados, deixando-os em combinação com a vida e necessidade dos educandos, tranformando-os para que no futuro possam transformar seu mundo, e o mundo do seu próximo.
Segundo Freire (1996), um primeiro saber inicialmente apontado como necessário à prática docente, numa perspectiva progressista, é saber que, “ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua própria ou sua construção”.

Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagação, à curiosidade, às perspectivas, às perguntas dos alunos, as sua inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento. É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser aprendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido. (p.47).


O autor afirma claramente a importância do professor que em sala de aula utiliza-se da autonomia democrática, possibilitando ao educando participar e discutir através de suas idéias e pontos de vista onde se encontra seu grau de aceitação e entendimento do conhecimento de mundo, daquilo que lhe é dado como educação progressista. Pois o educando vive em sociedade, e participa direto de suas decisões políticas e sociais e, neste caso, precisam e devem estar preparados.
Assim, não adianta só o professor chegar para seu educando, colocar na lousa, papel ou simplesmente dizer que, a raiz quadrada de vinte e cinco é cinco, podendo ser igualmente menos cinco (√25 ± 5), ele precisa dar entendimento, possibilidades e meios para que o educando chegue a esta definição, e, futuramente, encontrará o conhecimento necessário, e, saberá, até como encontrar a formula dos radicais e a importância dela nas diversas situações de sua vida.
Freire (1996) salienta que ensinar exige reflexão crítica sobre a prática. O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir dele como em dado dado, que se conforma a prática docente crítica, mas sabe também que sem ele não se funda aquela. A prática docente crítica, implica no pensar certo, envolve o movimento dinâmica, dialético, entre fazer e o pensar sobre fazer. O saber da prática docente espontânea ou quase espontânea, “desarmada”, indiscutivelmente prediz é um saber ingênuo, um saber experiente feito, a que falta a rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade espitemológica do sujeito. Este não é o saber que a rigorosidade do pensar certo procura.

 É fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensamento certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador. É preciso, por outro lado, reinsistir em que a matriz do pensar ingênuo como do crítico é a curiosidade mesma, característica do fenômeno vital. (p.38-39).


O autor salienta que o pensar certo para o aprendiz de professor não significa totalmente o já prescrito em teorias fundadas, ou ministradas por professores mais experientes, pois o professor traz em sua formação saberes adquiridos, não só científicos, mas construídos no seu dia-a-dia. Assim, fazendo-se a interação com os saberes teóricos, reavaliando-os, analisando se as condições permitem essa prática, determinará ao professor a aplicação dos métodos baseando-se no propósito a ser alcançado.
Vale ressaltar que este ponto de vista ocorre em situação oposta na maioria das escolas e, é vivida por muitos professores aprendizes, os quais não estão tendo oportunidade de rever algumas teorias que possivelmente melhoraria sua prática. Certas escolas definem tal autor, tal método, alguns até muito antigos para o que a realidade exige. Ao professor não é dado autonomia para que ele supere as dificuldades em sala de aula usando suas reflexões e saberes adquiridos em sua experiência de leitura de mundo dos educandos, os quais podem ser influenciados por vários contextos da sociedade e da comunidade em que vive.









3. O PLANEJAMENTO E SUA IMPORTÂNCIA


            Algumas pessoas planejam de forma sofisticada e claramente científica, obedecendo aos mais rígidos princípios técnicos e seguindo os esquemas sistemáticos que orientam o processo de planejar, escutar e avaliar. Outros, que conhecem a existência das teorias sobre planejamento, os fazem sem muitos esquemas e denominações técnicas; contudo são planejamentos que podem ser agilizados de forma simples, mas com bons e ótimos resultados. Pode-se deduzir, então, que é impossível se livrar do ato de planejar mesmo que não se consiga executar.
Segundo Padilha (2001), planejar é um processo que visa dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontam para sua superação de modo a atingir objetivos previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos culturais e os pressupostos filosóficos, culturais, econômicos e políticos de quem planeja e para quem se planeja.
Para Martinez e Oliveira Lahone (1977), planejar é um processo de previsão de necessidade e racionalização de emprego dos meios e dos recursos humanos disponíveis, “a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir do conhecimento e avaliação científica da situação”. (p.11).
O planejamento é um processo essencial e faz-se necessário em toda prática pedagógica, Piletti (1989) salienta para alguns parâmetros que darão ao mesmo um resultado ideal: conhecimento da realidade, elaboração do plano, execução do plano, avaliação e aperfeiçoamento do plano – após a execução do que foi planejado, passa-se a avaliar o próprio plano com vistas ao replanejamento. Segundo o autor:

Os objetivos educacionais são metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir, e os objetivos instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperados para um determinado grupo ou classe. Para manter a coerência interna do trabalho de uma escola o primeiro cuidado será o de selecionar os objetivos instrucionais que tenham correspondência com os objetivos gerais da área de estudo que, por sua vez, devem estar coerentes com a linha de pensamento da entidade à qual se destina. (p.65).


Sobre planejamento, Smole (1996) reconhece a importância do ato de planejar, porém, sem considerá-lo algo rígido, já, que a situação momentânea pode orientar a forma das etapas do trabalho, ”... no entanto, isso não significa que se deva ter uma atitude espontaneista na condução do trabalho”. (p.165).
Piletti (1989) complementa a afirmação, pois considera que a execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas. Na execução, sempre haverá elemento não plenamente previsto. “Às vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias do ambiente exigirão adaptações e alterações. Isto não irá dispensar o planejamento, pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade”. (p.64).
Possivelmente sempre haverá necessidade de flexibilidade no planejamento. Principalmente no sistema educacional brasileiro, onde fatos que ocorrem repentinamente obrigam os professores a mudarem seus planos de aulas. As paralisações das atividades pelos profissionais de ensino surgem como pivô dessas mudanças.
Outro ponto que exige aos professores mudanças em seus planos, são algumas dificuldades dos educandos a se adaptarem a atividades. Muitas delas ocorrem no ensino da literatura e, talvez, a mais comum do ensino da língua portuguesa. Não por falta de material ou metodologia, pois, a literatura pode e deve se desenvolver de várias maneiras e usando infinitos recursos. Por exemplo: pode se desenvolver leitura usando jornais, revistas, folhetos informativos, figuras, os meios de comunicação e informação, como os celulares que grande maioria dos educandos possui e, como respeito à própria cultura de alguns educandos pode-se e deve-se usar o próprio meio ambiente como recurso.
            Porém o estudante brasileiro tem pleno desinteresse pelo gosta da leitura, a qual deveria ser hábito desde criança. Neste caso, seria um meio do professor usar seus saberes e encontrar soluções para desenvolver essas habilidades com as crianças nas séries iniciais, “coisa que não acontece”. Muitos alunos chegam ao ensino médio sem saber ler.
Piletti (1989) define que no planejamento, “a escolha adequada dos métodos e técnicas didáticas é uma etapa muito importante”. (p.139). Devendo seguir alguns critérios: objetivos educacionais, experiência didática do professor, estrutura do assunto e tipo de aprendizagem envolvido, tipo de aluno, tempo disponível e condições físicas. Segundo ele:

Os métodos e técnicas são veículos usados pelo professor para criar situações e abordar conteúdos que permitem ao aluno viver as experiências necessárias para alcançar os objetivos (mudança cognitiva, afetiva, motoras). Por isso, os métodos e técnicas devem variar segundo os objetivos. (p.139).


Atualmente o novo modelo educacional passou a exigir um ensino mais globalizado que prepare o educando para enfrentar as diversas situações no decorrer de sua vida. Essas exigências passam a ter o educando como agente participativo e que possam transforma-se em cidadãos críticos e reflexivos. A partir daí, os professores passam a ser os responsáveis por essas mudanças, criando novos métodos e técnicas, pois, afirma Piletti (1989),

métodos e técnicas tradicionais exigem um comportamento passivo do aluno. Segundo esses métodos cabe ao professor transmitir conhecimento e, aos alunos, apenas receber. Aquilo que o professor transmite é o mais importante e não aquilo que o aluno descobre. Aos alunos somente é permitido ouvir, memorizar e repetir. (p.104).


Para o autor, os novos métodos dão grandes destaques à vida social da criança como fator fundamental para que seu desenvolvimento intelectual e moral. Nesse sentido adquire também grande importância o relacionamento dos alunos entre si e dos alunos com o professor. A disciplina não se fundamenta mais na autoridade, mas sim na responsabilidade.
Apesar da criação das novas técnicas, muitos professores conseguem desenvolver suas aulas usando técnicas mais antigas. Piletti (1989) destaca que a técnica mais tradicional de ensino é a técnica expositiva ou aula expositiva, que consiste na apresentação de um tema logicamente estruturado. Essa técnica é uma das mais antigas no campo de ensino, assim como a cópia, o ditado e a leitura. Apesar disso ela é muito útil e mesmo necessária. A maneira de utilizá-la, no entanto, deve se adequar às novas exigências de ensino.
Contudo, o que se ver na realidade não é o uso dessas técnicas mais antigas por serem necessárias, mas sim, por uma questão de muitos professores não se adaptarem ainda as novas técnicas, ou muitos não aceitarem essas mudanças por não acharem que seja um ensino mais consistente.
    















4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Percebe-se que as inúmeras possibilidades de se chegar a um ensino qualitativo são enormes, mesmo com grandes dificuldades encontradas no sistema educacional brasileiro. O ser humano, neste caso, os educadores e os educandos são “abertos” a transformações; a mudanças no seu modo de pensar e agir.
Porém, elas não ocorrerão por acaso, sem que haja um bom senso crítico e reflexivo das partes envolvidas nesse processo, principalmente, do educador que é responsável direto por essas mudanças.
Para Freire (1996), na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. O seu “distanciamento” epistemológico da prática enquanto objetivo de sua análise deve dela “aproximá-lo” ao máximo. Quanto melhor faça esta operação tanto mais inteligência ganha na prática em análise e maior comunicabilidade axerce em torno da superação da ingenuidade pela rigorosidade. Para o autor, não é possível a assunção que o sujeito faz de si numa certa forma de estar sendo sem a disponibilidade para mudar. Para mudar e de cujo processo se faz necessariamente sujeito também.
Este cenáculo[3] proporcionou uma visão panorâmica sobre a atuação do professor na teoria quanto na prática. Pode-se também concluir que, com empenho maior dos professores na compreensão do real motivo da educação para a vida futura dos educandos, irá se encontrar os objetivos esperados, que é transformá-los em cidadãos que participem de forma crítica das transformações que ocorrem na sociedade onde vivem.
    

    
    
    
REFERÊNCIAS


BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Art. 22. Brasília, DF: MEC, 1996.

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Parâmetros Curriculares Nacionais.  Portal.mec.gov.br/seb/arquivos/paf/linguagens 02.pdf Brasília: MEC/SEF, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (coleção leitura).

FTC- EAD. Planejamento e a Avaliação na Prática Pedagógica. Livro didático. Bloco Temático 2 , Tema 3. 2º período. Salvador, 2008, p. 30-33.

Maria, Célia F. Nunes. Saberes Docentes e Formação de Professores: um breve panorama da pesquisa brasileira. PUC – Rio. Educação e Sociedade ano XXII, nº 74. Abril, 2001.

PERRENOUD, Philippe. Os ciclos da aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004. Disponível em: www.educacional.com.br/.../entrevista.0108.asp.

-------------------, Formar professores em contextos sociais em mudanças. Prática reflexiva e participação crítica. Tradução de Denice Bárbara Catani. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Universidade de Genebra, 1999.

--------------------, (apud, SCHON), 1999.


PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Editora Ática, 1989, p. 60 a 149.

SILVA, M. H. G. F. Saber docente: contigências culturais, experiências, psico-sociais e formação. In: Anais da 20 Anped.


SMOLE, K. C. S. A matemática na educação infantil: a teoria das inteligências mútiplas na prática escolar. Porto alegre: Artes Médicas, 1996


[*]Graduando do Curso de Letras-Português/Inglês da Faculdade de Tecnologia e Ciências FTC/EAD.
E-mail: professorclaudiosantos@gmail.com
[2] Expondo ou defendendo alegando razões.
[3] Reunião de pessoas que participam das mesmas idéias ou visam a um mesmo fim.